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Terrorismo em Brasília: mercado pode sentir impacto no longo prazo se tensões não forem controladas

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Diário do Nordeste

 

Economistas destacaram que tensões precisam ser contidas pelo Governo Federal para que cenário de incerteza não escale e prejudique credibilidade do Brasil

Os atos terroristas de invasão do Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, no último domingo (8), não deverão ter efeito notável sobre o mercado financeiro no curto prazo.

Contudo, se a tensão se mantiver no Brasil, e as ações do Governo não conseguirem controlar os grupos terroristas, a Bolsa de Valores poderá registrar uma forte queda, puxada pela incerteza no cenário nacional. Outro reflexo, segundo economistas consultados pela coluna, é a desvalorização do real frente ao dólar.

 

Nesta segunda-feira (9), o Ibovespa (principal índice da bolsa brasileira) fechou em alta de  0,15%, chegando a 109.130 pontos. Já o dólar fechou a cotação a R$ 5,2570, representando uma leve alta, de 0,41%.

 

Contudo, segundo Vicente Ferrer, mestre em economia e conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), se as ações de controle não surtirem efeito e as tensões continuarem, os indicadores econômicos poderão ser impactados no longo prazo.

“Não podemos afirmar quais serão os impactos no mercado financeiro. Temos de esperar as instituições trazerem o equilíbrio para que esse momento não se prolongue porque, se houver uma paralisação dos caminhoneiros e a economia do País for paralisada, a situação se agrava”, disse Ferrer.

“Quem vai investir no País em uma situação de guerra civil iminente? Então é importante que se reduz os ânimos e se dê atenção aos problemas que causaram a depredação das instituições brasileiras. O Brasil continua sendo um país de incertezas e se isso continuar, a tendência é uma queda da Bolsa e uma elevação do dólar, além do retorno da inflação”, completou.

Diferenças brasileiras

A opinião foi corroborada por Eldair Melo, economista e conselheiro do Corecon, que destacou as diferenças entre a invasão do Congresso no Brasil e do Capitólio nos Estados Unidos. Segundo ele, como o novo Governo Federal já foi nomeado, as ações tomadas poderão surtir efeito mais efetivamente.

 

O cenário pode ser fundamental para controlar os efeitos negativos na Bolsa e no câmbio no longo prazo, reduzindo a potencial instabilidade e indícios de incerteza para os investidores estrangeiros.

 

“O impacto da invasão em 2023 é diferente ao que aconteceu nos EUA, haja visto que já temos um presidente e um gabinete nomeados. Fora que os edifícios não tinham ninguém trabalhando no momento da invasão. No curto prazo, se observa uma queda da bolsa e alta na cotação do dólar. Então não haverá coisas mais influentes no médio e longo prazo. Mas se a intensidade permanecer podemos ter uma crise relacionada aos acontecimentos”, disse Melo.

“Mas isso vai depender de uma articulação maior do Governo, que não vai poder aumentar tanto os impostos, que vai precisar se concentrar na agenda macroeconômica, como o novo plano do ministro Fernando Haddad e a reforma tributária. Então não deve haver impactos no longo prazo relacionado às invasões. No curto prazo, devemos ter poucos impactos”, completou.

Cenário internacional

Apesar do impacto reduzido no curto prazo, Ricardo Coimbra, economista e membro do Corecon, destacou que desempenho da Bolsa nesta segunda-feira (9) também contou com a colaboração de sinais positivos no mercado internacional.

Ele explicou que os últimos relatórios sobre a taxa de juros nos Estados Unidos e os sinais de melhora da economia na China fizeram com o mercado nacional sentisse impactos positivos no primeiro dia de abertura da bolsa brasileira nesta semana.

 

Ele reforçou, no entanto, que, se o cenário de incerteza persistir, os indicares brasileiros poderão registrar quedas no longo prazo.

 

“A gente vem observando reflexos evidentes, mas é provável que sejam efeitos de curto prazo, até pelas medidas que estão sendo tomadas e estão bem incisivas, tanto pelo Governo quanto pela área jurídica. Vemos uma elevação de juros e dólar futuro, e uma instabilidade na Bolsa, com ações em queda e outras em alta. Se o cenário internacional não estivesse bem positivo, é provável que a Bolsa estivesse em forte queda”, disse.

“As expectativas sobre juros americanas e a melhoria na China vem ajudando a termos um impacto menor no dia de hoje (segunda-feira). Mas é importante observar os desdobramentos nos próximos dias. Essa ação incisiva pode reduzir impactos sobre investidores estrangeiros sobre essas incertezas, mas é preciso esperar”, completou.

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