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Quem quer abrir o próprio negócio?

Publicado em:

Gazeta Mercantil

15 de Maio de 2007 – Em empreendedorismo por oportunidade, o Brasil figura em 15°- lugar. Nos últimos tempos, tive a oportunidade de conversar com cerca de 800 jovens profissionais por ano, todos em busca de orientação sobre carreira, mercado de trabalho e formação acadêmica. Entre os vários aspectos abordados nestas conversas está o que chamo de "explorar o magnífico mundo das intenções empreendedoras", ou, na versão sem poesia, "quer ou não quer ser dono de seu próprio negócio e quando".

Como tudo tem dois lados, o bom e o ruim, o que tenho consolidado dessas conversas não é diferente. Quase 90% desses jovens, a grande maioria entre 24 e 30 anos, têm a intenção de empreender e prosperar. Com freqüência vejo olhos brilhando ao abordar este assunto, além da garra e vontade de fazer algo melhor.
Muitas vezes esta intenção tem origem na família que já é empreendedora. Noutras, tem origem no fato de o jovem ser empregado e se sentir pouco reconhecido ou achar que está fazendo menos do que é capaz. Ou simplesmente a intenção de empreender tem origem na vontade de ser dono e querer desenvolver oportunidades ainda em repouso no mercado. Obviamente, este é o lado que considero positivo nessas conversas. Há uma nova geração de empreendedores em ebulição, cheios de energia e vontade de entrar em ação.
O lado negativo aparece quando é perguntado em qual momento esta intenção deve se concretizar. As respostas que normalmente surgem são:
"Quando eu ficar rico e não precisar mais trabalhar." (Será que não dá para ganhar dinheiro com o próprio negócio? Se não der, qual a lógica em empreender? Aliás, atire a primeira pedra aquele que empreende sem trabalhar. E muito.)
"Quando eu tiver dinheiro para investir na idéia." (Aqui parece que não enxergamos as oportunidades de captação de recursos que o mercado oferece. Muitas vezes economizar o próprio dinheiro leva tempo e as idéias perdem o momento certo de entrar no mercado. Com capital próprio você vai para frente. Com capital de terceiros você pode ir um pouco mais rápido, ou até muito mais rápido. É preciso conhecer opções de financiar a idéia empreendedora.)
"Quando alguém me der uma grande idéia." (O que faria alguém dar uma grande idéia? Não é impossível, mas improvável.)
"Daqui a uns 15 ou 20 anos." (Desta forma, evita-se o confronto consigo mesmo e posterga-se o momento de decisão. É empurrar o assunto para algum momento distante.)
Tudo indica que, diante destes comportamentos, poucas serão as iniciativas empreendedoras realmente derivadas de um cuidadoso estudo sobre determinada oportunidade. Teremos uma avalanche de novos negócios com seus dias contados para terminar.
As frases "a criação de negócios é uma das causas da prosperidade das nações" e "a existência de indivíduos dispostos aos riscos de empreender é um dos pilares do desenvolvimento econômico" foram extraídas do mais expressivo relatório mundial sobre a atividade empreendedora, coordenado pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM) e que envolve o Brasil em seus estudos desde o ano 2000, além de outros 40 países. Obviamente elas fazem sentido aqui também.
O GEM foi o responsável pela difusão da expressão "empreendedorismo por necessidade", ou seja, aquele que deriva da falta de alternativa satisfatória de ocupação e renda. Ao longo dos anos, os estudos mostraram uma evidência maior neste tipo de empreendedorismo no Brasil em relação aos outros países estudados. Neste item aparecemos junto à Venezuela, China e Jamaica. Já no empreendedorismo por oportunidade – aquele que deriva da percepção de um determinado potencial de mercado – ocupamos a 15 posição entre os países pesquisados.
Outro dado interessante é que um grande índice de iniciativas empreendedoras analisadas pelo GEM 2005 ocorre em áreas já bastante exploradas e com concorrência estabelecida. Na outra ponta, isto gera negócios com pouco ou nenhuma inovação tecnológica ou mercadológica.
Quando estas informações disponíveis são relacionadas entre si, reforço minha crença que, se nossos jovens tiverem esta energia empreendedora corretamente canalizada e forem orientados, teremos nova onda de negócios que gerarão mais renda e emprego, melhorando a condição do Brasil para outros empreendimentos. Isto deve estar em nosso radar cada vez que temos a chance de orientar um jovem na busca por seus ideais.

(Gazeta Mercantil/Caderno A – Pág. 3)(Marco Antonio Quége – Coordenador Geral dos Certificates e Educação Executiva do Ibmec São Paulo. Professor da disciplina Gestão de Pessoas )

 

 
 
 

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