Peso da CPMF no bolso do consumidor é pequeno, diz Mantega
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Em entrevista à Broadcast Ao Vivo, ministro diz que defesa pelo fim de CPMF parece campanha política
Célia Froufe, Marisa Castellani e Luciana Xavier, da Agência Estado
SÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, sugeriu nesta quarta-feira, 17, durante a milésima entrevista realizada pelo Broadcast Ao Vivo, que a defesa combativa de "alguns setores da economia" pelo fim da cobrança da CPMF pode estar relacionada a fins políticos. "Não sei por que certos setores empresariais cismaram com a CPMF. Até parece uma campanha política de alguém querendo alguma outra coisa", afirmou.
Na avaliação do ministro, a CPMF talvez seja um dos tributos mais insignificantes do País. "O peso no bolso do consumidor é pequeno. Tanto, que a maioria nem sabe quanto paga de CPMF, não se dá ao trabalho de ver quanto pagou em sua movimentação financeira", alegou, acrescentando ainda que a contribuição não atinge a população de baixa renda, por ser isenta.
Mesmo nas transações mercantis, segundo ele, a CPMF representa perto de 1% do conjunto de tributos que incidem sobre os produtos. "Em automóvel, por exemplo, que tem carga tributária de 42%, a CPMF representa 1,13%. Veja sua insignificância", comparou.
Outros tributos
Para Mantega, se houvesse críticas do setor produtivo a tributos, elas deveriam ser a outros impostos e contribuições, que têm alíquotas muito maiores, como ICMS e o Imposto de Renda. "Mas a crítica é à CPMF, que, coitadinha, representa 1% de alguns produtos e, para a população de baixa renda, menos ainda do que isso."
Da mesma forma, segundo Mantega, afirmar que a contribuição é um obstáculo ao setor produtivo também é um exagero. "Dizer que ela atrapalha os negócios é uma incongruência com o momento que estamos vivendo. Mesmo com a existência da CPMF, a indústria está acelerando sua atividade. Está produzindo mais, vendendo mais, faturando mais. Então não está sendo atrapalhada pela CPMF", concluiu.
O ministro acredita que uma desoneração maior para o cidadão poderia ser por meio da folha de pagamento, com a redução dos tributos que incidem sobre os salários. "Isso tem impacto mais favorável à produção do que a CPMF", comparou.
A vantagem da cobrança da contribuição, segundo Mantega, é que se trata de algo universal. "Inclusive, e particularmente, os sonegadores. O sonegador não escapa da CPMF", destacou.