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Pequenas empresas reforçam crescimento

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Pesquisa da CNI revela que indústrias de menor porte estão produzindo num ritmo mais veloz. Desempenho está melhor em várias regiões

Luís Osvaldo Grossmann

Demorou, mas o lento crescimento da economia parece ter chegado às pequenas e médias empresas. Sondagem divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) registra, pela primeira vez desde que a pesquisa começou a ser feita, em 1998, um crescimento mais forte no ritmo de produção dos menores negócios do que nos grandes.

Trata-se, na verdade, de um atraso das pequenas e médias. Afinal, as grandes empresas, que concentram a maior parte da produção industrial do país, já assistema seu faturamento expandir-se há, pelo menos, três trimestres consecutivos. Além disso, a diferença no indicador da evolução do nível de atividade foi pequena — 53,2 para pequenas e médias, e 52 para as grandes — na escala de zero a 100, valores acima de 50 representam crescimento. Mas vale como sinal positivo de tendência.

“Parece que teremos um ano de crescimento menos heterogêneo e mais forte, porque está mais espalhado, chegando às pequenas e médias empresas”, avalia o coordenador da pesquisa da CNI, Renato Fonseca. Segundo ele, as diferenças que marcaram o desempenho industrial do ano passado estão diminuindo não só entre o porte das indústrias, mas entre as regiões também. “Temos sinais de recuperação no sul do país”, revela. O câmbio, no entanto, continuará a marcar algumas distinções entre os setores — ou seja, vestuário, madeira e calçados ainda terão dificuldades.

Outro ponto sugere potencial para um crescimento um pouco mais forte da indústria este ano: os estoques estão menores e ajustados ao nível planejado das empresas de maneira que não acontecia desde o terceiro trimestre de 2004. Isso ajuda porque nos últimos dois anos — especialmente em 2006 — o crescimento do consumo foi atendido em grande parte pelos estoques altos, e em parte maior ainda por produtos importados. Daí o descasamento visto em 2006 entre o crescimento da demanda e da produção. Enquanto o consumo das famílias cresceu quase 4%, a indústria avançou apenas 3%. A indústria de São Paulo, com quase 40% da produção nacional, cresceu 3,1%, conforme divulgou ontem a Fiesp.

“Uma demanda mais aquecida, ainda que no mesmo ritmo do ano passado, terá que ser respondida com aumento na produção”, explica Renato Fonseca. E sem estrangulamentos, já que a capacidade instalada manteve-se em cerca de 80%. Mas a CNI adianta que esse comportamento dos estoques já começou a ser observado no fim de 2006 e não sugere, por enquanto, mudanças nas perspectivas para a indústria este ano — a confederação continua apostando num crescimento de 4,2% para o setor.

A própria CNI ressalta, porém, que as condições aparentemente melhores da economia neste início de 2007 não foram suficientes para despertar nos empresários uma grande confiança para os próximos meses. O índice que mede a perspectiva dos industriais sobre o futuro próximo (55,2 pontos) ficou muito parecido com o do início de 2006 (55,4), mesmo com o cenário pior naquele momento. “Depois de cinco anos com ciclos de crescimento que não passam de seis meses, gera-se uma cautela nos sinais de expectativa”, resume Renato Fonseca.

É mais ou menos o mesmo clima registrado pela Fundação Getúlio Vargas, que ontem também divulgou sua sondagem sobre a confiança da indústria. O índice de confiança ficou em 104,4, o mais baixo dos últimos sete meses. E mesmo o crescimento na expectativa sobre os próximos seis meses — 98,4, contra 96,8 em dezembro — é mais baixo que o verificado entre março e outubro de 2006.

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