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Operação prende 17; fraude pode ser de R$ 2 bi

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PORTAL TERRA

O esquema desarticulado nesta quinta-feira pela Operação Cana Brava, da Polícia Federal em São Paulo, pode ter causado a sonegação de R$ 2 bilhões em impostos previdenciários que deixaram de ser recolhidos em cinco anos por 160 empresas do setor sucroalcooleiro no Estado. A Justiça decretou prisão temporária de 19 suspeitos de envolvimento na fraude e determinou a expedição de mandados de busca e apreensão em 25 residências, escritórios e sete empresas. Foram presas 17 pessoas – seis na capital e 11 em cinco cidades do interior.

Os agentes também invadiram mansões e apreenderam carros de luxo e importados (duas Porsches, uma Ferrari e um Cobra), armas, uma quantia não divulgada em dinheiro e jóias, além de uma farta documentação em mídia e papel que vai embasar o inquérito que apura sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

Na capital, os agentes se surpreenderam quando faziam blitz em um escritório. Ao avistar as viaturas da PF, os suspeitos despejaram R$ 40 mil em dinheiro pela janela do prédio para fugir do flagrante.

Entre as empresas investigadas, estão duas usinas de açúcar e álcool de propriedade da família Egreja – do ex-deputado federal José Egreja (PTB/SP) – apontada como mentora do esquema. Quatro pessoas da família foram presas, incluindo o ex-deputado. De acordo com a delegada Daniela Braga, que comandou a operação, todos os suspeitos vão responder por formação de quadrilha, apropriação indébita previdenciária, sonegação fiscal, emissão de notas frias, coação de testemunha e falsidade ideológica. As penas podem chegar a até 23 anos de prisão, mais multas.

Segundo o delegado da Receita Federal Tharssis Bueno, o esquema foi descoberto há nove meses devido a uma dívida de R$ 500 milhões que a família possui com a União. "A receita constatou que a família não possuía bens para cobrir a dívida, mas que tinha sinais externos de riqueza", disse.

O esquema, segundo ele, funcionava com a comercialização de produtos industrializados, álcool e cana-de-açúcar por meio de notas e duplicatas frias para burlar o fisco. O dinheiro da sonegação seria enviado para a conta da família em duas offshores (Uruguai e Ilhas Virgens). Participariam do esquema empresas laranjas – entre elas uma cooperativa e dezenas de empresas fornecedoras e distribuidoras do setor sucroalcooleiro.

"O esquema é um dos maiores descobertos no setor no País", disse o delegado Rodney Loureiro dos Santos, titular da delegacia da PF de Araçatuba, onde corre o caso. Segundo Santos, a prisão temporária dos suspeitos é por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. A PF não divulgou os nomes dos detidos nem das empresas investigadas.