O cartão vai à feira
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Estréia de Visa e Redecard nas barracas abre fronteira para o dinheiro plástico
Por Aline Lima
Pode comprar que tá barato, freguesa.” Quem nunca ouviu esse bordão ao passar por qualquer feira livre do País? Em Guarulhos, na Grande
São Paulo, a frase ganhou um complemento inusitado: “Pode pagar com cartão”. Os clientes dos 83 mercados de rua do município agora podem pagar por suas frutas e verduras com cartões de débito ou crédito, graças a uma parceria inédita entre os feirantes e as redes Visanet e Redecard. Para as empresas de cartão, o passo pode ser definitivo no rompimento de uma das últimas fronteiras do dinheiro de plástico, o comércio popular. Os consumidores de baixa renda são, hoje, o principal alvo das bandeiras. Uma pesquisa da Credicard estima que essa camada da população movimentará R$ 10,3 bilhões em pagamentos com cartão em 2006.
Os feirantes contam com incentivos para aderir ao projeto. A taxa mensal cobrada pelo uso das máquinas leitoras de cartão é quase metade da média praticada no mercado. Além disso, eles ganharam carência de até seis meses para o pagamento da tarifa de adesão. “Como se trata de um piloto, tínhamos de dar condições especiais para a sua viabilização”, explica Carlos Rollo, diretor comercial da Redecard. Mas a recompensa pelo empurrãozinho não deve demorar a chegar. O tíquete médio das compras feitas na feira é de R$ 15,20, equivalente, por exemplo, ao que é gasto em lojas de conveniência e em redes de fast-food. “Além do volume comercializado, a idéia é criar nesses consumidores o hábito do uso do cartão”, diz Rollo.
Para os feirantes, a expectativa é de que o volume de vendas nas feiras livres de Guarulhos aumente em até 30% por conta dessas novas alternativas de pagamento. “A dona de casa que antes vinha com o dinheiro contado agora não tem mais essa limitação”, diz Edson Uehara, feirante há mais de 30 anos. “Em pouco tempo, a nossa experiência vai se espalhar por todo o País”, aposta Carlos Ishiara, presidente do sindicato dos feirantes de Guarulhos.