Nota fiscal eletrônica traz ganho adicional a empres
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Menos de um mês depois que as primeiras Notas Fiscais Eletrônicas (NF-e) com validade jurídica em âmbito federal e estadual foram emitidas, no último dia 15, os resultados foram muito além das expectativas dos participantes da etapa inicial do projeto desenvolvido pela Receita Federal e pelas Secretarias Estaduais da Fazenda, como as empresas Dimed, Wickbold e Souza Cruz, que emitiram mais notas do que haviam previsto e já começaram a economizar com a via eletrônica.
A Dimed, distribuidora de medicamentos do Rio Grande do Sul, uma das quatro primeiras empresas a emitir a NF-e, esperava ter emitido só 30 notas até a semana passada. Mas já emitiu mais de 3,5 mil, envolvendo o montante de R$ 1,5 milhões em negócios. “A facilidade de emissão é grande e os resultados foram ótimos, não tivemos problemas”, diz Carlos Dottori, analista de negócios da empresa. Até o final deste mês, a expectativa da Dimed é de que a emissão eletrônica chegue a 1,5 mil notas por dia.
Por enquanto, a empresa teve uma economia direta de cerca de R$ 700 na emissão das notas, considerando apenas os custos com impressão. A nota eletrônica exige apenas a impressão do Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANF-e) em uma folha A4, por meio de uma impressora padrão – o documento fiscal em papel, além de ter várias vias, só podia ser impresso por impressoras matriciais. A expectativa, segundo Dottori, é de que quando a Dimed estiver emitindo suas 150 mil notas mensais para varejistas e terceiros eletronicamente, a redução de custos diretos, que envolvem uso de papel e tinta, seja de R$ 200 mil. “Acreditamos que vamos gastar, anualmente, apenas R$ 50 mil com as notas”, conta o analista. Até agora, a Dimed está emitindo eletronicamente os documentos referentes às transações com suas lojas de varejo.
A indústria de alimentos Wickbold, primeira empresa a emitir a nota eletrônica, no mesmo dia 15, emitiu 2,8 mil documentos eletrônicos até a última segunda-feira. Segundo o gerente de controladoria da empresa, Carlos Alberto Pinto, já é possível prever que a economia trazida pela via eletrônica será de R$ 0,32 por nota. A Wickbold emite cerca de 100 mil notas mensais e a expectativa é de que até o fim de 2007 a empresa esteja emitindo eletronicamente todas as suas notas fiscais.
Além disso, a previsão é de que o custo do projeto, de R$ 500 mil, seja pago rapidamente. Mas o gerente da empresa acredita que mais do que o corte de gastos que a nota eletrônica propicia, é importante destacar a segurança que ela traz.“A principal vantagem é a segurança de informação. Temos que olhar a nota não apenas como um documento fiscal, mas como um instrumento de gestão que não envolve mais papel e não possui interferência. As transações ficaram mais ágeis e confiáveis para o contribuinte”, diz Pinto, ressaltando que a empresa ainda não teve percalços com as emissões.
O principal motivo da segurança, segundo ele, é o fato do valor fiscal do documento estar no arquivo eletrônico enviado à outra parte e armazenado em computadores e não mais em papel.
A única impressão necessária é a do DANF-e encaminhado com a mercadoria, que não possui valor fiscal. Para Alberto Pinto, a NF-e é o começo de um novo conceito de fiscalização, que deve auxiliar na redução da sonegação fiscal.
Mesma opinião tem Victor Kodja, diretor de gestão comercial da AES Eletropaulo, uma das 19 empresas participantes do projeto piloto, que por enquanto ainda não emitiu notas eletrônicas para o consumidor final, mas tem emitido, em média, uma por dia para o fisco desde julho. A previsão da empresa de energia é começar a emitir faturas eletrônicas a seus clientes corporativos ainda este mês para que, até o final de 2008, consiga emitir a NF-e para 300 mil consumidores. “Além da economia, o ponto mais importante da nota eletrônica é a qualidade e a segurança de informação que ela traz ao Fisco”, opina.
A agilidade da trasmissão da informação também merece destaque, segundo Kodja. Segundo ele, a Eletropaulo, que costumava enviar informações mensais à Receita, agora tem enviado os dados obtidos com os documentos eletrônicos diariamente.
A Souza Cruz, que também emitiu sua primeira nota dia 15, ainda não tem registro do volume emitido, pois está focada na implantação do sistema nos primeiros seis estados que o receberão. Mas seu gerente de tributos indiretos, Jesus Meijomil, já ressalta a eficiência da nota, a eliminação das obrigações acessórias e a rapidez de resposta do Fisco.