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Movimentar conta parada não pagará CPMF

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SÃO PAULO – A comunicação com a rede de agências e os clientes, além da diversificação da grade de produtos, foram as principais medidas adotadas pelos bancos e empresas de gestão de recursos como preparação para a nova fase da conta investimento. A partir de segunda-feira, as aplicações que permanecem sem movimentação desde outubro de 2004 poderão ser transferidas para outras aplicações sem o pagamento da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), a exemplo do que já ocorre com os recursos novos.

Apesar de não haver uma estatística precisa sobre esse volume, estima-se que o estoque esteja entre 40% e 50% do total dos investimentos, número pode variar dependendo do perfil do cliente e da estratégia de cada administradora de recursos. Profissionais consultados são unânimes em afirmar que não esperam grande movimentação de recursos a partir da próxima semana, com base na experiência adquirida quando da criação da conta investimento.

Além disso, eles citam a tabela regressiva do Imposto de Renda (IR), criada pelo governo meses depois e que estimulou a permanência das aplicações por um prazo maior. Mesmo assim, algumas instituições decidiram fortalecer a grade de produtos disponíveis, para o caso de uma possível demanda.

A HSBC Investments lançou quatro novos fundos para enfrentar o assédio dos concorrentes e aproveitar as oportunidades que podem ser criadas, de acordo com o executivo sênior de produtos, Leonardo Calixto.

Para os investidores qualificados, o banco criou o Star Plus, portfólio que aplica em cotas de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs) e em outra carteira da casa, que investe em debêntures e CDBs. Na próxima semana, o HSBC também deve dar início à captação de uma nova versão de um fundo de capital garantido. No segmento de varejo, a estratégia da instituição foi apresentar produtos tradicionais com custos mais competitivos.

O fundo DI Fidelidade possui aplicação mínima de R$ 500 e cobra taxa de administração de 3% ao ano, enquanto a média de mercado para esse perfil de cliente, segundo Calixto, se encontra entre 4% e 5%. Com aporte mínimo de R$ 50 mil, o DI Classic possui taxa de 1,75%. “As novas carteiras complementam a nossa oferta de produtos ao investidor de varejo, que possui também produtos mais arrojados”, comentou.

O perfil do investidor que possui aplicações anteriores a outubro de 2004, no entanto, não está no pequeno varejo, pelo menos no caso do HSBC. “O investidor de maior renda e qualificado possui outras fontes de recursos e tem condições de não mexer nas aplicações”, disse Calixto. Por isso, ele acredita que, se houver movimentação de recursos, ela ocorrerá de forma mais intensa no segmento private. “Mas até o momento não percebemos nenhuma tendência nesse sentido.”

O diretor-executivo da Santander Banespa Asset Management, Edvaldo Morata, tem opinião semelhante. “Observamos que no mercado brasileiro a tendência de transferência entre aplicações é baixa”, afirmou. Segundo ele, o fim da cobrança do “pedágio” da CPMF estava prevista na estratégia de longo prazo da instituição na área de administração de recursos de terceiros, que incluiu, entre outras ações, a ampliação da oferta de produtos aos clientes.

Como exemplo, ele citou o lançamento, no início de setembro, da nova versão do Multi Retorno Mais, portfólio multimercado que assegura ao cliente, no mínimo, o valor do capital investido acrescido do rendimento da poupança. Embora não tenha sido criado especificamente para a ocasião, os investidores que possuem aplicações antigas podem aguardar para transferir os recursos sem pagar o tributo federal sobre movimentações financeiras, já que o período de captação do fundo se estende até o dia 6 de outubro.

No ABN Amro Real, o foco foi maior na informação sobre os benefícios e oportunidades criadas pela conta investimento, tanto para o público interno como para os clientes, explicou o superintendente de Investimentos, Eduardo Jurcevic. Ele também não aposta em mudança expressiva do cenário com o fim da cobrança da CPMF para recursos anteriores a outubro de 2004. “O custo é apenas um dos elementos que o investidor leva em conta para decidir sobre a alocação de seus recursos”, avaliou.

De acordo com Jurcevic, além de taxas competitivas, o poupador procura atendimento, opções de produtos e assessoria financeira, sendo esse último quesito uma das prioridades do banco nesse caso. Entre as ações adotadas, um “videochat” realizado pela Internet na última segunda-feira procurou explicar as mudanças aos investidores. Pelos números do Real, a média de acessos gira em torno de 200, entre clientes e não-clientes, dos quais 70 solicitam consultorias individuais posteriores.

A comunicação com rede e clientes também foi a opção adotada pelo Bradesco para esclarecer as mudanças. Para o superintendente-executivo de Investimentos do banco, Marcos Villanova, a isenção da cobrança pode incentivar os clientes a procurarem alternativas com melhor rendimento, a partir da redução da taxa básica de juros. Ele acredita, porém, que a transferência de recursos não será grande e deve se concentrar entre produtos do próprio banco.

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