Lula não teme rejeição da CPMF e diz que é interesse do País
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Para o presidente, proposta de prorrogação da CPMF no 2º turno da Câmara é responsabilidade das pessoas
Denise Chrispim, do Estadão
BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetiu duas vezes, nesta quinta-feira, 27, que não teme a rejeição da proposta de prorrogação da CPMF no segundo turno de votações pela Câmara. "Não temo. Não temo. Sabem por que? Porque as pessoas tem que ter a responsabilidade. Essas coisas não são do meu interesse. Elas são do interesse do Brasil", argumentou Lula.
"Lamentavelmente, algumas pessoas não percebem que nós levamos um século para fazer o Brasil chegar à situação que chegou", completou. Ele insistiu que o Brasil vive um momento de elevada respeitabilidade internacionalmente e de alta credibilidade nas áreas econômica e comercial.
"Nunca entrou tanto dólar no Brasil, como tem entrado", afirmou. "Dólar para investimento", ressalvou. Para o presidente, a situação da economia brasileira está tranqüila e há melhora nas condições de vida da população. O presidente deu essas declarações após o almoço no Itamaraty oferecido ao presidente do Casaquistão, Nursultan Nazarbayev.
Nesta madrugada, a Câmara aprovou em primeiro turno a prorrogação do tributo até 31 de dezembro de 2011. A sessão foi concluída às 2h31 e manteve o texto aprovado no dia 20 ao rejeitar todas as emendas e destaques à proposta feitos pela oposição.
Para tentar concluir a votação em primeiro turno na madrugada desta quinta-feira, o governo acertou com o PMDB na quarta-feira a entrega de uma diretoria da Petrobras. O mais provável é que o partido fique com a Diretoria Internacional, e o nome mais cotado para o posto é o de João Augusto Fernandes, um peemedebista de Minas.
Depois de acalmar o PMDB com essa promessa, o governo promoveu um enxugamento na quantidade de emendas e destaques à proposta da CPMF feitos pela oposição. Com maioria folgada na Câmara, usou todos os instrumentos regimentais e conseguiu reduzir de 36 para 11 o número de votações para concluir o primeiro turno. Todas as emendas e destaques foram reprovados pelo plenário.
Já no Senado, na quarta-feira, o PMDB promoveu um levante. Insatisfeito com as nomeações do Palácio do Planalto e com a demora na liberação de emendas, ajudou a derrubar medida provisória do governo que criava a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, que já funcionava sob o comando de Roberto Mangabeira Unger.
2º turno
A proposta que prorroga a cobrança da CPMF só deverá ser votada em segundo turno pelo plenário da Câmara daqui a doze dias. Entre o primeiro e segundo turno de votação é necessário cumprir o prazo de cinco sessões ordinárias da Câmara, que começa a ser contado a partir de sexta-feira, 28.
Se houver quórum para todas as sessões previstas, esse prazo só terminará na quinta-feira, dia 4 de outubro, à tarde, dia tradicionalmente de baixa presença de deputados em Brasília e sem perspectiva de votação de projetos de emenda constitucional que exigem 308 votos para a sua aprovação, como é o caso do projeto da CPMF. A previsão, no entanto, é votar no dia 9 de outubro, terça-feira.