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Lula dá sinal verde à campanha da reeleição

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Raymundo Costa De Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ontem o sinal para o PT deflagrar a campanha da reeleição. Os cronogramas do presidente e do partido têm tempos diferentes: enquanto Lula só deve formalizar a recandidatura em meados de 2006, já nos próximos dias a sigla deve começar a se reunir com ministros e dirigentes de estatais para preparar um balanço de governo que servirá de base para o programa da campanha. Lula discutiu os cenários de 2006 com o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), ontem, no Palácio do Planalto. Foi o primeiro encontro entre os dois após a eleição de Berzoini, num processo de eleição direta que mobilizou cerca de 350 mil militantes petistas.

O deputado disse a Lula que, independentemente da posição do presidente, que ainda não é formalmente candidato, o PT precisava começar a trabalhar os cenários para 2006. Lula deu o sinal verde.Ontem, em Recife (PE), o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, disse que Lula é um forte candidato à reeleição, caso a economia continue a crescer.

Para Wagner, a queda nos índices de popularidade, tanto do presidente Lula como do PT, já está consolidada e os rumos adotados pelo governo na condução da economia deverão influenciar positivamente o cenário eleitoral do próximo ano. Em conversas informais, Lula tem sido bem menos comedido e fala abertamente na reeleição.

Hoje vai ao ar o programa de TV do PT. O partido faz uma análise da conjuntura, um balanço de sua eleição interna e compara os avanços do governo Lula em relação a seu antecessor. Os cenários para a eleição de 2006 e os próximos passos do PT – depois do sinal verde de Lula -, também devem ser analisados na primeira reunião da nova Executiva Nacional do partido, marcada para amanhã, em São Paulo.Numa primeira etapa, o PT pretende se reunir com todos os ministros, inclusive os de outros partidos que representam a base de sustentação política do governo, e dirigentes de estatais para fazer o balanço do governo Lula. A partir desse balanço será feito um programa do partido.

“Vamos trabalhar sobre informações e não sobre impressões”, disse Berzoini, após a conversa com Lula. O presidente do PT acredita que será um programa amplo porque será feito “num cenário em que o partido está mais complexo e mais plural”.Berzoini chama a atenção para três documentos da campanha de 2002: a Carta de Recife, coordenada em 2001 pelo então prefeito de Santo André, Celso Daniel, o programa de campanha propriamente dito, e a Carta ao Povo Brasileiro, divulgada pouco antes do primeiro turno da eleição de 2002.

A Carta de Recife foi quem escancarou a política de alianças do PT e a Carta ao Povo Brasileiro amarrou Lula aos compromissos com o mercado. O programa de governo foi talvez o mais utópico desses documentos. Isso pode se repetir, apesar do “cenário em que o partido está mais plural”, como diz Berzoini.Resolvidas as divergências internas, o PT deve “mediar” as alianças para o primeiro turno com as instâncias “partidárias e não-partidárias”.

Os aliados tradicionais do partido, como o PCdoB e o PSB, devem ser os primeiros a ser procurados – iniciativa, aliás, que já estava em curso na presidência interina de Tarso Genro (RS). Num segundo movimento, Berzoini vai conversar com os partidos que integram a atual base de sustentação política do governo no Congresso.”Seria uma baita contradição não conversar com a base do presidente”, justifica o deputado.

“O PP tem um ministro no governo, ele não é político, mas representa o partido. O PTB tem o ministro Walfrido Mares Guia. Vou fazer veto ao PTB por causa de um incidente”, questiona, referindo-se à crise do mensalão, desencadeada a partir de uma denúncia do então presidente da legenda, o ex-deputado Roberto Jefferson.Há duas dificuldades para a política de alianças do PT: a verticalização e a cláusula de barreira. Combinadas, as duas exigências complicam a aliança já com os aliados tradicionais do PT: como eles precisam cumprir a cláusula de barreira – 5% dos votos em pelo menos nove Estados -, precisam ficar livres para fazer composições eleitoralmente mais vantajosas nos Estados, o que a verticalização limita: só podem fazer alianças com o partido com o qual estiverem coligados na eleição para presidente.Com o fim do prazo para as mudanças das regras eleitorais, uma lei ordinária, dificilmente a cláusula de barreira será mudada.

Há a possibilidade de o Congresso acabar com a verticalização, por meio de uma emenda constitucional. O próprio relator do projeto, Pauderney Avelino (PFL-AM) avalia que os partidos, antes favoráveis à mudança, tiraram o pé do acelerador. Além disso, uma eventual mudança será contestada no Supremo Tribunal Federal. A manutenção da verticalização dificulta sobretudo uma eventual composição com o PMDB, partido de características notadamente regionais. (Colaborou Paulo Emílio, do Recife)

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