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Informalidade do mercado de trabalho atinge 38,4 milhões de pessoas

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Correio Braziliense










De acordo com a pesquisa, em 11 estados, a informalidade alcança mais de 50% da população ativa

O trabalho informal é a principal fonte de renda da população em 11 estados brasileiros, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta sexta-feira (14/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento mostra que o recuo da taxa de desemprego, em 2019, foi puxado pelo aumento da informalidade, que atingiu 41,6% da força de trabalho em todo o país, alcançando 38,4 milhões de pessoas — um milhão a mais do que no ano anterior.

De acordo com a pesquisa, em 11 estados, a informalidade alcança mais de 50% da população ativa, com destaque para Maranhão e Pará, onde os índices estão acima de 60%. Outros 15 estados têm taxa de informalidade entre 30% e 50%. Pernambuco é o maior nessa faixa, com 48,8%. Somente duas unidades federativas ficaram abaixo de 30% — Santa Catarina, com 27,3%, e o Distrito Federal, onde 29,6% dos trabalhadores sobrevivem sem registro formal.

Valéria Martins, de 40 anos, trabalha há anos no estacionamento do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) vendendo quentinhas para poder complementar a renda. Ela diz que o salário de secretária que recebe em um escritório de advocacia não é suficiente para fechar as contas de casa. Casada e com seis filhos pequenos, sonha em montar uma creche e ser dona do próprio negócio. “Eu não queria ficar aqui na rua sendo informal, mas preciso muito”, disse. “As dificuldades são muitas, mas o que mais percebo são as humilhações que fazem com a gente. Pensam que, por estar na rua, a gente merece ouvir qualquer coisa.”

Na avaliação do advogado trabalhista José Alberto Couto, o crescimento da informalidade está relacionado a problemas trabalhistas e fiscais. “Os impostos são tão grande que as pessoas, realmente, preferem ficar nessa situação. A burocracia impede muito deles de abrirem o próprio negócio”, afirmou. Além disso, a informalidade prejudica a economia, pois não gera pagamento de Imposto de Renda e contribuições previdenciárias.

De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego no Brasil recuou em nove das 27 unidades da Federação no 4º trimestre de 2019 com relação ao trimestre julho-setembro. O levantamento mostra que o índice passou de 11,8% para 11,0% no período. Na comparação com o mesmo trimestre de 2018 (11,6%), houve recuo de 0,6 pontos percentual.

Quando se considera a média anual de desempregados, o indicador caiu de 12,3%, no ano retrasado, para 11,9% em 2019. Os estados em que a situação se mostrava mais grave eram o Amapá (17,4%) e a Bahia (17,2%). As menores taxas eram as de Santa Catarina (6,1%), Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso com 8% cada um.

Tempo

De acordo com a Pnad, cerca de 2,9 milhões de brasileiros desempregados buscavam por um trabalho há dois anos ou mais no trimestre encerrado em dezembro, o que representa cerca de 25% dos que não tinham emprego. Do total de desocupados, 14,2% estavam de um a dois anos à procura de uma vaga; 44,8%, havia menos de um ano, e 16%, havia menos de um mês.

Liliane Reis de Lima, de 32 anos, está desempregada, mas a esperança de conquistar uma emprego continua alta. “Acredito que mais cedo ou mais tarde essa vaga aparecerá”, disse. “Já fiz alguns cursos on-line, e estou aberta a qualquer meio ou forma de capacitação para ver se consigo algo o mais rápido possível”, ressaltou.

Casada e com uma filha pequena, a ex-auxiliar administrativa disse que seu grande sonho, além de voltar ao mercado de trabalho, é poder retornar à casa própria. Ela passou a morar com os pais para poder cortar despesas, uma vez que a renda do marido é insuficiente para ambos. “O salário que ele recebe como encadernador não dá pra manter uma casa, e ele trabalha como motorista de aplicativo para complementar a renda”, informou Liliane.

Os trabalhadores empregados com carteira assinada eram de 74,0% do total de empregados no setor privado do país, segundo a Pnad. Depois de ficar dois anos sem trabalho mesmo com um diploma de tecnóloga em recursos humanos, Paloma Eduarda Oliveira Pereira, 22 anos, foi contratada na última quinta-feira por uma empresa de consultoria. “Depois de tanto tempo sem conseguir nada, estou com aquela sensação de que ainda não conquistei um emprego. Estou anestesiada no momento, não caiu a ficha”, disse Paloma. “Mas, só de saber que não vou precisar ficar pedindo coisas para as pessoas já é um alívio”, afirmou.

 

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