Inadimplência cai, mas consumidores têm dificuldade para quitar dívida
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Pesquisa aponta queda nos cancelamentos de registros e nas inclusões de nomes no Serviço de Proteção ao Crédito em Belo Horizonte
Eliza Caetano
Belo Horizonte – Os compromissos do início do ano como pagamento de IPTU, IPVA e matrículas escolares têm deixado o consumidor mais descapitalizado, dificultando o cancelamento de registros no Serviço de Proteção de Crédito (SPC) da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Minas Gerais. O número de cancelamento de registros, que ocorre quando o consumidor limpa o nome no SPC, caiu 24,74% em janeiro quando comparado com o mês anterior.
Na comparação com o janeiro do ano passado, a queda foi de 21,89%. Em janeiro de 2005, 67.831 consumidores limparam o nome no SPC. Este ano, o número caiu para 52.980 em janeiro. O nível de cancelamento do registro no SPC acompanha a queda da inadimplência. “São menos inadimplentes e menos contas a serem pagas”, diz Fernando Sasso, gerente de divisão de pesquisas da CDL/BH.
No entanto, ele explica que hoje quem está endividado parece ter mais dificuldades. “O comprometimento da renda com despesas de fim de ano que se juntam às parcelas de compras do ano passado faz com que seja mais difícil sair do SPC”, alega. Para o economista, a tendência dos próximos meses é de que a inadimplência se eleve. Segundo dados da CDL, 75% das vendas do comércio hoje são feitas a prazo.
O número de registros no SPC caiu 9,19% em janeiro de 2006 quando comparado a dezembro de 2005. Para Fernando Sasso, o motivo é que o consumidor quitou dívidas e conseguiu manter-se em dia com seus compromissos durante 2005.
“Ao longo do ano tivemos melhora do nível de emprego, com números positivos em quase todos os meses para Minas Gerais”, explica. Segundo dados da CDL/BH, o desemprego é a principal causa de inadimplência.
Outro fator foi a facilidade de crédito. “Apesar dos juros, os empréstimos consignados em folha de pagamento aumentaram a liquidez do consumidor”, afirma. A média do número de parcelas aumentou. Se no princípio do ano passado era de cinco a seis, hoje a média é de 12 vezes. “A prestação fica mais barata e mais fácil de ser paga”, explica o economista. No mês de janeiro, 61,58% do total de registros ficaram concentrados em valores até R$ 250.
“A inadimplência é um dos grandes problemas dos empresários do comércio”, afirma o técnico do Sebrae em Três Marias, Emerson Gonçalves. O município tem em andamento um projeto de modernização do varejo. Um dos objetivos da iniciativa é reduzir em 8% a inadimplência até o fim do ano que vem. O projeto também pretende aumentar a lucratividade média das empresas do setor em 35% e reduzir os custos em 18% até 2007.
Carlos Alberto Braga é proprietário de uma mecânica em Três Marias e sofria com mais de 30% de clientes mal pagadores. “O carro quebra, a gente pega na rua, conserta e depois não vê o dinheiro”, conta o empresário. As vendas a prazo, ou ‘fiado’, na mecânica, chegam a 80%.
Com a orientação do projeto, Carlos Alberto Braga conseguiu diminuir em cerca de 40% a inadimplência. Fazer cadastro dos clientes, consultar o Serviço de Proteção ao Crédito e contratar uma empresa de cobrança foram algumas das providências tomadas pelo empresário para resolver o problema. Agora, ele pretende crescer. “Estou investindo R$ 70 mil na reforma da oficina e espero aumento de faturamento de 35% este ano”, acredita.
Serviço:
Assessoria de Imprensa do Sebrae em Minas Gerais – (31) 3371-9036
Assessoria de Imprensa CDL-BH – (31) 3249-1632