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IBGE diz que piora do cenário ainda não afetou o mercado de trabalho

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Desemprego ficou estável em agosto; IPCA-15 sobe 0,3% em outubro

O mercado de trabalho ainda não sofreu os impactos do agravamento da crise financeira internacional, revelam dados de setembro divulgados ontem pelo IBGE. A parcela da força de trabalho sem ocupação ficou em 7,6% no mês, estável frente a agosto. No mesmo mês de 2007, a taxa estava em 9%. O número de desempregados permaneceu no mesmo 1,8 milhão de agosto e recuou 13,2% frente a setembro de 2007, o que significa menos 277 mil pessoas em busca de uma vaga. Já a renda média do trabalhador subiu 0,9% de agosto a setembro, para R$1.267,30 (3,2% no ano, sobre igual período de 2007).

– O mercado de trabalho permanece forte, independentemente da crise. Pode até se fazer uma conjectura de que poderia ter crescido mais. Mas não temos essa notícia. Não há sinais de crise no emprego – afirmou Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE.

Segundo Azeredo, a estabilidade da taxa de desemprego "já era esperada", uma vez que, historicamente, existe aumento da procura por vagas em setembro. São pessoas em busca de um dos milhares de postos temporários criados no comércio para as vendas de fim de ano, o que pressiona a taxa pelo lado da procura.

– Não estou dizendo que o mercado está blindado. Pode até ter alguma reação, mas não estamos sentindo ainda.

Azeredo explicou que o aumento da renda média do trabalhador resultou da queda da inflação – que é deflacionada pelo INPC das seis regiões metropolitanas pesquisadas – e do aumento da formalidade (emprego com carteira assinada), que cresceu 6% na comparação anual, para 9,7 milhões, acréscimo de 550 mil.

Para o gerente do IBGE, apenas um cenário muito atípico impedirá que a taxa de desemprego de 2008 seja a menor da série histórica, que remonta a 2002. A taxa média de desemprego de 8,1% no acumulado deste ano permaneceu bem inferior à de igual período do ano passado, de 9,7%.

O pesquisador frisou, no entanto, que existe uma defasagem entre o início das crises e seus efeitos no mercado de trabalho, que seria de seis meses. Para ele, é necessário aguardar os resultados das próximas pesquisas, principalmente de dezembro e janeiro, para avaliar possíveis efeitos.

Analistas concordaram com a avaliação do IBGE, de que o mercado de trabalho não sofreu impacto da crise, mas divergiram sobre quando os efeitos devem começar a ser sentidos. Para Julio Gomes de Almeida, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), os efeitos devem aparecer já na pesquisa de novembro:

– Quando a economia cresce, a defasagem gira em quatro meses. Mas quando cai, a reação é mais rápida.

Fábio Monteiro Vaz, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), diz que os impactos devem começar a ser registrados dentro de três meses.

Alimentos e bebidas puxam alta do IPCA-15 em outubro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado uma prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,30% em outubro, um pouco superior à elevação do mês anterior (0,26%). Com o resultado, o acumulado de 2008 passou a 5,28%, acima do centro da meta de inflação, de 4,5%, que tem margem de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Nos 12 meses, o índice acumula taxa de 6,26%. Segundo o IBGE, a alta foi puxada por alimentos e bebidas, principalmente arroz (0,19%) e feijão carioca (3,29%), que tinham apresentado queda nos meses anteriores. Além disso, carnes (1,44%) e frango (1,91%) permaneceram em alta.