Gasolina terá menos álcool e ficará mais cara até o fim do ano
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Fonte: INVERTIA
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou nesta terça-feira que a decisão do governo de reduzir de 25% para 20% a taxa de mistura do álcool anidro à gasolina, que começa a valer hoje, será mantida pelo menos até o final do ano. A medida refletirá diretamente no aumento do preço da gasolina nas bombas, pois esse combustível é mais caro e tem maior incidência de impostos que o álcool.
A decisão do governo de prolongar a redução da taxa do anidro se dá em meio a uma “queda de braço” entre o Planalto e os produtores de álcool. O governo se diz “traído” pela categoria, que não cumpriu o acordo de janeiro passado que estabelecia o teto de R$ 1,05 para o litro do combustível nas usinas – em vez disso, o álcool tem disparado nas bombas, em meio a boatos de desabastecimento. Inicialmente, a redução na taxa se daria “por tempo indeterminado”, mas o governo resolveu endurecer.
Para Roberto Rodrigues – que negociou o acordo pessoalmente -, “faltou seriedade” aos usineiros. Segundo o ministro, ouvido pelo jornal O Estado de S.Paulo, as ameaças de desabastecimento pelas usinas, feitas após as mesmas garantirem que o estoque atenderia a demanda, sinaliza um movimento de especulação.
“Não vou aqui fazer suposições sobre quem está especulando, mas alguém está, dada a premissa repetida pelos produtores de que a oferta está equilibrada com a demanda”, afirmou.
A ofensiva do governo pode ir além do prolongamento do prazo de redução da taxa de álcool na gasolina. O governo sinaliza com o veto à liberação de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão solicitados pelos usineiros para financiar os estoques do combustível. A medida, associada a uma eventual redução da incidência da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide) sobre o combustível, “puniria” ainda mais os produtores, uma vez que os recursos para esse financiamento provêm desse imposto. A conta a pagar pela menor arrecadação ficaria com os usineiros.