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Exportações agropecuários crescem mesmo com a aftosa

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Apesar da ocorrência de febre aftosa no Mato Grosso do Sul, que fechou os mercados de 49 países à carne bovina nacional, as exportações do agronegócio brasileiro continuam crescendo. No mês passado, as vendas somaram US$ 3,730 bilhões – um acréscimo de 16,9% sobre o valor exportado em igual período de 2004 -, com superávit de US$ 3,303 bilhões. O resultado foi alcançado graças ao aumento dos embarques dos complexos soja (37,2%), sucroalcooleiro (35,5%), carnes (28%), cafeeiro (24,8%) e florestal, com destaque para papel e celulose (30,2%). No acumulado de janeiro a outubro, as vendas externas do setor totalizaram US$ 36,212 bilhões – 9,6% acima do percentual registrado nos 10 primeiros meses de 2004, cujo saldo foi de US$ 32,022 bilhões. O desempenho é recorde histórico para o período de 10 meses, segundo o Ministério da Agricultura.
O desempenho do setor de carnes em outubro foi expressivo. As exportações do complexo cresceram 28% em relação a igual período de 2004, saltando de US$ 554,5 milhões para US$ 710,4 milhões. Quase todos os segmentos tiveram taxas elevadas de aumento: carne bovina industrializada (35,7%), frango in natura (51,7%); frango industrializado (120%) e suíno (57%). Apesar disso, a cadeia produtiva registrou redução de 14% no valor exportado de carne bovina in natura (de US$ 180 milhões para US$ 153 milhões), em decorrência da queda de 18% no volume embarcado, em função da aftosa no Mato Grosso do Sul. O complexo soja foi o principal destaque das exportações do agronegócio em outubro. A receita da cadeia produtiva chegou a US$ 782 milhões, um acréscimo de 37,2% em comparação com igual período do ano passado. O valor exportado de soja em grãos aumentou 83,5% (de US$ 240 milhões para US$ 441 milhões), em conseqüência do incremento de 94% no volume embarcado.
As exportações dos produtos do complexo sucroalcooleiro também tiveram grande incremento. As vendas de açúcar cresceram 18,8% em comparação com igual período de 2004, passando de US$ 271 milhões para US$ 322 milhões. Enquanto isso, o valor exportado de álcool aumentou 173,8%, saindo de US$ 32,8 milhões em outubro do ano passado para US$ 89,8 milhões no mês passado. “Esse resultado confirma as perspectivas promissoras para o álcool brasileiro no mercado global, em razão dos altos preços do petróleo e da escassez de suas reservas, aliados à busca crescente de combustíveis renováveis”, diz o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. A União Européia continua sendo o principal destino das exportações brasileiras do agronegócio, com 33,4% de participação no valor exportado.

Ministro diz que é favorável à antecipação da vacina

Durante audiência na Câmara dos Deputados, ontem, em Brasília, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, se mostrou favorável à antecipação da vacinação contra a aftosa no Rio Grande do Sul. A próxima etapa da imunização do rebanho do Estado está prevista para janeiro e fevereiro de 2006, mas os pecuaristas gaúchos querem começar a vacinar o gado antes disso. “Pessoalmente, sou a favor da antecipação, mas temos que ver isso com a área técnica”, ponderou o ministro. O secretário da Agricultura, Odacir Klein, enviou ontem documento a Rodrigues solicitando a autorização para a liberação das doses da vacina ao Estado.
O ministro também admitiu que pode ter se precipitado ao considerar como foco as suspeitas de febre aftosa em quatro municípios do Paraná. No dia 22 de outubro, o ministro disse que a possibilidade da doença no rebanho paranaense chegava a 90% por causa do contato do rebanho do Paraná com o de Mato Grosso do Sul. “Pode ter havido precipitação de minha parte”, afirmou. Os resultados que poderão confirmar ou descartar o foco sairão até o fim desta semana.
Segundo o Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, até o momento, a ocorrência da febre aftosa permanece limitada à região sul do estado, onde foram confirmados 22 focos. Os casos envolvem 13.713 bovinos, dos quais 444 doentes, 59 suínos e 227 pequenos ruminantes. Cerca de 3.930 animais foram sacrificados (3.932 bovinos, 190 ovinos e 62 suínos).

IBGE prevê safra recorde de 126 milhões de toneladas

A safra 2006 poderá apresentar recorde de produção, após as quedas registradas nos últimos dois anos. Segundo o primeiro prognóstico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produtividade desenvolvida pelo setor agrícola do País nos últimos anos vai garantir uma colheita de 126,6 milhões de toneladas, resultado que, se confirmado, vai superar o recorde de 2003 (123 milhões de toneladas). A soja responderá por 46% da safra nacional. A estimativa prevê um aumento de 12,2% em relação ao volume de 2005, de 113 milhões de toneladas.
A soja terá aumento de 14,97% na produção por causa da produtividade e da alta liquidez na venda do produto – e mesmo com a área plantada caindo 6,4%, como reflexo dos baixos preços atuais. O incremento na colheita dessa cultura ocorrerá especialmente por causa da recuperação prevista no Rio Grande do Sul, já que o Mato Grosso, principal produtor nacional, vai reduzir a área (-6,4%) e a safra (-3,4%).
Em conseqüência, a Região Sul deverá recuperar a hegemonia histórica na safra de 2006. Em 2005, a Região Sul responderá por 34,5% da safra, sendo ultrapassada pela primeira vez pelo Centro-Oeste, que ficará com 37%. Na safra 2006, o Sul deverá recuperar a primeira posição no ranking nacional ao contribuir com 42% do total, enquanto o Centro-Oeste ficará com 33%.

Área plantada de soja terá redução de 8% no Estado, aponta federação

As lavouras de soja no Rio Grande do Sul terão neste ano uma redução de 8%. De acordo com levantamento da Federação da Agricultura (Farsul), 16% das lavouras já foram semeadas e os primeiros prognósticos apontam para um total de 3,2 milhões de hectares cultivados até o final do ano.
Para o presidente da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, a produtividade deverá cair, ainda em conseqüência das perdas da última safra, causadas pela estiagem. Ele explicou que o produtor ficou sem recursos para investir em tecnologia. Conforme levantamento da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande Sul (Fecoagro), a safra de soja deste ano deverá ficar em torno de 8,9 milhões de toneladas. Em 2004, a área plantada foi de 4,170 milhões de hectares e a safra ficou em 3 milhões de toneladas.

Governo quer renegociar com fiscais

O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, prometeu ontem, aos representantes da indústria da carne, leite e fumo que serão retomadas as negociações com os fiscais federais agropecuários em greve desde segunda-feira. A comissão de representantes de sindicatos gaúchos esteve em Brasília para relatar a ministros os prejuízos decorrentes da paralisação. Em todo o País, os fiscais mantêm apenas os trabalhos de prevenção à febre aftosa e à gripe aviária.
O presidente da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Aristides Vogt, diz que há uma preocupação em toda a cadeia da carne porque “agora começa o momento de estrangulamento”, quando os frigoríficos não terão condições de estocar a produção que não é fiscalizada. Na fronteira do Estado, há filas de caminhões com cargas impedidas de circular pela falta de certificação e fiscalização. As indústrias estimam perdas diárias de R$ 40 milhões no Estado com a paralisação.

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