Estrangeiro quer recursos das pequenas empresas do País
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Portal Fenacon
Fernanda Bompan
Os governos de outros países começam a identificar o potencial de investimentos e internacionalização das pequenas e médias empresas brasileiras, como é o caso da Holanda. Contudo, de acordo com estimativas do professor Reynaldo Dannecker Cunha, do curso de relações internacionais da ESPM, de um universo de 20 mil empresas exportadoras – consideradas mais aptas para operar no mercado externo -, apenas 5% estão preparadas.
Cunha afirma que parte desta perspectiva já está neste processo, por meio de parcerias com outras empresas ou por meio de franquias. A avaliação dele é com base em números do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae Nacional).
Cunha comentou que, hoje, até 10 mil teriam o perfil para atuar em outros países porque exportam com mais frequência, mas a exigência de maior valor agregado aos seus produtos e até mesmo o cenário brasileiro atual impossibilitam o aumento da internacionalização dos pequenos negócios. "A dificuldade encontrada depende muito do setor que atua, mas a empresa não pode pensar somente no design, o processo demanda investimentos no aperfeiçoamento do produto", sugere. "Outra questão é se um país é mais importador, essas empresas se voltam para o mercado doméstico, que é o que acontece agora, principalmente com a proximidade de grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas", acrescenta.
O presidente do Sebrae Nacional, Luis Barreto, comentou, porém, que a entidade está otimista com a atuação das pequenas no exterior neste ano.
"O cenário internacional aponta um ambiente favorável às exportações brasileiras. A economia norte-americana parece estar voltando a crescer de forma mais sustentada, e a China, os países da América Latina e emergentes em geral – importantes mercados para os pequenos exportadores – deverão crescer consideravelmente mais em 2013. Além disso, as empresas brasileiras estão se preparando mais para competir seja lá fora ou aqui, no mercado interno", disse ao DCI.
"Mas para nós [Sebrae], o mais importante, é o ganho que a internacionalização das micro e pequenas empresas representam, não necessariamente na balança comercial, mas no crescimento da capacidade competitiva para atender o próprio mercado interno, até porque os concorrentes internacionais estão sendo atraídos para o mercado brasileiro", avalia Barreto. Por outro lado, ele ressalta que os investimentos em valor agregado devem ser considerados para esse objetivo. "Outro ponto que não pode ser esquecido é a pesquisa. Antes de começar a exportar, o empresário deve pesquisar muito. Ele precisa saber qual país tem interesse no seu produto e como é essa demanda. Também é importante levar em consideração os aspectos culturais, religiosos, sociais, demográficos, alfandegários, sanitários, legais, entre outros fatores", aconselha o presidente do Sebrae Nacional.
O professor da ESPM, que também é consultor em especialização de marketing e estratégia internacional, disse que os setores que mais têm potencial para investir no exterior e se internacionalizar são aqueles cujos produtos "têm mais apelo brasileiro". Ou seja, fabricantes de cachaça artesanal, de café, entre outros.Questionado sobre a atuação do governo neste processo, o professor afirma que existem ações voltadas para essa internacionalização, como parcerias com o Sebrae (Programa de Internacionalização) e projetos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), que incluem missões empresariais. Ainda segundo estudo de caso do Sebrae, com relação às pequenas empresas do Ceará, por exemplo, mostra que os mercados-alvos poderiam ser: Portugal, Espanha, países africanos de língua portuguesa, Alemanha e EUA.
Interesse
Segundo o diretor-executivo da recém-lançada Agência Holandesa de Investimentos (NFIA) no Brasil, Egbert Hartsema, o foco neste momento deve ser a tentativa de mobilização de investimentos de pequenos e médios negócios no exterior. "Sabendo do potencial que as empresas brasileiras têm, inauguramos a NFIA em São Paulo, a primeira agência desse tipo da América Latina. E tentar focar nas pequenas e médias, porque as grandes se viram bem na hora de investir em outro país", entende.
De modo geral, a NFIA visa atrair cerca de 120 empresas brasileiras em cinco anos. No caso dos pequenos negócios não há estimativas. "Por isso, vamos fazer um evento em junho para tentar identificar quais são essas empresas que tem interesse em investir na Holanda", disse.
Segundo ele, uma das principais importâncias em expandir a atuação para países como a Holanda é o acesso à tecnologia, além de conseguir alcançar outros mercados europeus.
"As empresas precisam aumentar o valor agregado dos seus produtos e serviços e atuar com Pesquisa e Desenvolvimento em nível internacional e isso é possível ao se investir na Holanda", aponta.

