CPMF gera conforto frente à crise externa, diz Mantega
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Alexandro Martello Do G1, em Brasília
A situação "confortável" do Brasil frente às turbulências externas é reflexo do alto nível das reservas internacionais, ao redor de US$ 160 bilhões, e do equilíbrio nas contas públicas proporcionado também pela Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF), argumentou, nesta quarta-feira (15), o ministro da Fazenda, Guido Mantega. No ano passado, a CPMF arrecadou R$ 32 bilhões e, em 2007, a previsão é de que R$ 36 bilhões ingressem no caixa do Tesouro Nacional por causa do tributo.
"A CPMF foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça. É o primeiro passo para que possa ser aprovado na Câmara. A posição de governo é que não devemos reduzir a alíquota [que está em 0,38%]. Sou contrário divisão com os estados. Ela já é dividida. Quando fala que os recursos vão para a saúde, eles vão para os estados. Acredito que os parlamentares não vão querer ameaçar o equilíbrio fiscal adquirido a duras penas no país. Acredito que podemos aprovar a prorrogação da CPMF e DRU", disse Mantega a jornalistas.
Para Mantega, as turbulências vividas pelos mercados podem se prolongar por dias e até semanas. Entretanto, avaliou que os países emergentes, entre eles o Brasil, estão em situação mais sólida do que no passado. "Tanto que não tem ninguém ainda que foi pedir ajuda ao FMI [Fundo Monetário Internacional]. Hoje, os países emergentes estão em condições de igualdade aos países avançados", disse.
Mantega foi mais adiante ainda. Analisou que os países emergentes estão até em condições mais "estáveis e seguras" do que os desenvolvidos. "Porque as instituições financeiras com problemas não estão aqui. São norte-americanas e européias. As que tinham fundos de investimento no mercado imobiliário norte-americano. O epicentro está nos Estados Unidos e contagiou a Europa. Não ouviu falar nada de China, Índia e Brasil. Estamos mais sólidos até do que os países avançados", afirmou.
O ministro admitiu, porém, que poderá haver desaceleração da economia mundial, o que afetaria as exportações brasileiras. "Poderá haver mudança de preços de commodities. Alguns metais já tiveram queda de preços. Mas não dá para dizer que é permanente. O máximo que pode acontecer seria um saldo comercial menor", afirmou.
Mesmo assim, o ministro avaliou que uma eventual desaceleração da economia mundial não afetaria o crescimento brasileiro de forma importante. "Não há nenhum movimento de empresários e do mercado para retroceder nos investimentos e no crescimento. Mesmo porque o crescimento brasileiro é impulsionado pelo mercado interno. Temos um dinamismo próprio", concluiu.