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Contador se torna o anjo da guarda do pequeno empresário

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Pesquisa mostra que 42% dos donos de microempresas recorrem ao profissional quando têm dificuldades

Ana Paula Lacerda

Após investir R$ 1,2 milhão este ano para capacitar contadores, o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) anunciou que, para 2006, o orçamento do programa “Contabilizando Sucesso” será elevado para R$ 22 milhões. O projeto é realizado em parceria com o Sebrae nacional, e tem como objetivo formar contadores capazes de auxiliar micro e pequenas empresas não só com contas, mas com gestão em geral.
“Uma pesquisa do Sebrae mostrou que, quando têm problemas, 42% dos micro e pequenos empresários buscam ajuda com o contador”, diz Juarez Domingues Carneiro, conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e responsável pelo “Contabilizando Sucesso”. “Nosso projeto é formado por aulas que ensinarão ao contador a lidar melhor com essas empresas.” Ainda segundo a pesquisa, 25% dos empresários não procuram ajuda nenhuma.

O gerente de atendimento individual do Sebrae, Ênio Pinto, diz que a diminuição da mortalidade das microempresas é uma das conseqüências do projeto. “Quando vimos que os empresários procuravam os contadores em vez de consultorias, Sebrae ou cursos, resolvemos investir na formação desses profissionais. Desta forma, eles acabam contribuindo para a sobrevivência das empresas.”

Segundo cálculos do CFC, a mortalidade de empresas no Brasil fez a economia nacional perder R$ 19,8 bilhões nos últimos três anos. “Foram fechados 2,4 milhões de postos de trabalho”, diz Carneiro. “Das 200 mil empresas que fecham as portas todos os anos, cerca de 78% o fazem por falhas gerenciais. Se os contadores puderem ajudar mais, talvez estes números diminuam.”

O “Contabilizando Sucesso” foi lançado como projeto-piloto em 1999. No ano passado, formou 1.668 contadores. “Acredito que 50 mil empresas já tenham se beneficiado dos serviços deles”, estima Carneiro. Os cursos estão sendo realizados em quase todos os estados brasileiros, com exceção de São Paulo, Roraima, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Para 2006, porém, o Sebrae acredita que todos os conselhos regionais de contabilidade vão organizar turmas.

A contabilista Nadir Terezinha Koerich, da Koesil Contabilidade, participou da primeira turma organizada em Florianópolis. “Acho que o grande diferencial foi as pessoas deixarem de ser apenas contadoras para serem gestoras”, diz. “Aqui já há empresários buscando profissionais que tenham feito este curso.”

Para ela, a iniciativa é válida, e mais entidades, como as universidades, por exemplo, deveriam organizar cursos para contadores e também empresários. “O brasileiro é muito empreendedor, mas às vezes sobra vontade de empreender e falta informação”, diz. “O contador vira também professor e psicólogo.”

EM ALTA

Segundo Carneiro, a profissão de contador teve um crescimento muito grande nos Estados Unidos e deve crescer no Brasil num futuro próximo. “Lá, depois dos escândalos da Enron, a busca por bons profissionais tornou-se muito grande.” Ele acredita que aqui o mercado é mais lento por não haver tradição desta carreira, como há para medicina ou direito. “Mas a carreira não discrimina idade ou sexo e oferece salários maiores do que muitas outras atividades.”

Proximidade facilita atuação como consultor

A produtora e apresentadora Tamy Simas, da Bichos e Cia. Promoções e Eventos, fala com seu contador, Roberto Cabral, praticamente todos os dias. “Quando preciso decidir em que segmentos atuar ou se vou fechar novos negócios, sempre converso com ele.” Ela acredita que a maioria dos empresários pede ajuda aos contadores por causa da proximidade. “A resposta é imediata, ele já conhece a empresa e os meus gostos, então é a primeira pessoa a quem recorro.”
A Bichos e Cia. começou com eventos no setor de animais de estimação, mas cresceu e, aos três anos, atua em diversas áreas. Tamy apresenta um programa na TV Gazeta, em São Paulo. “Estava em outra emissora, e a idéia de mudar foi sugestão do contador.” Ela estuda uma proposta para levar o programa para Portugal.

Cabral diz que é muito comum o contador se envolver com os negócios da empresa e ir além de apenas cuidar das contas. “Especialmente no caso das empresas pequenas, o contador conhece o negócio e o empresário particularmente, então o profissional acaba dando orientações para outras coisas.”

Quando não consegue esclarecer as dúvidas, Cabral orienta os clientes a buscar outro tipo de ajuda, como consultores ou cursos. “Indico alguém que conheço, mas não deixo o cliente na mão”. Ele diz que muitas vezes os clientes extrapolam bastante os limites da função do contador, mas não se importa. “Acaba sendo uma demonstração de confiança no nosso trabalho.”

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