CNI: carga tributária prejudica crescimento
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O alto patamar dos juros, considerado durante muito tempo um dos principais entraves ao crescimento da economia brasileira, caiu na lista de maiores preocupações dos grandes industriais, segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). De acordo com o estudo divulgado ontem, que se refere ao primeiro trimestre do ano, a elevada carga tributária continua sendo considerada o maior impedimento para o setor, na opinião de 67% dos grandes industriais do País.
As elevadas taxas de juros, que costumavam ocupar o segundo lugar da lista, caíram este trimestre para o terceiro lugar e foram citadas por 46% dos consultados. Para essa mudança de percepção, contribuiu a decisão do Banco Central (BC) de prosseguir, durante este ano, com sua política de redução gradual dos juros.
A taxa básica de juros (Selic), que em setembro se situava em 19,75% anuais, caiu para 15,75% em abril, seu nível mais baixo dos últimos cinco anos, apesar de ainda se incluir entre as mais altas do mundo. A segunda maior preocupação dos grandes industriais brasileiros agora é a taxa de câmbio (citada por 49% dos entrevistados), uma vez que a acentuada depreciação do dólar tornou as exportações brasileiras menos competitivas e encareceu os custos de produção.
Desemprego
A cotação do dólar caiu para cerca de R$ 2,06 na semana passada, seu menor valor nos últimos cinco anos. Tal depreciação foi citada pela Volkswagen do Brasil como decisiva do plano de reestruturação que a empresa realizará este ano, e que significará a perda de cerca de seis mil postos de trabalho.
“A crescente apreciação do real vem reduzindo a rentabilidade das empresas exportadoras, que são em sua maioria as de grande porte”, segundo o estudo da Confederação. Na lista de maiores preocupações das grandes indústrias também se destacam a forte concorrência do mercado (34%), a falta de demanda (29%) e o alto custo das matérias-primas (21%).
Câmbio
Para os pequenos e médios industriais, a lista também é liderada pela alta carga tributária (citada por 68% dos entrevistados), mas em seguida fica a forte concorrência (42%), a falta de demanda (39%), as altas taxas de juros (39%) e a falta de capital de giro (24%). Já a taxa de câmbio fica apenas no sexto lugar, com 19%.
Quanto à expectativa para os próximos seis meses, os industriais acham que as exportações continuarão caindo, que as vendas internas crescerão levemente e que o nível de emprego se manterá estável. A pesquisa também mostrou que “as pequenas e médias indústrias não conseguiram acompanhar a recuperação da atividade atingida pelas grandes empresas”.
Enquanto as grandes indústrias registraram um leve aumento da produção entre janeiro e março em relação ao trimestre anterior, as pequenas e médias sofreram uma redução de sua atividade, de suas vendas e do número de empregados contratados.