Carga tributária reduz competitividade
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Para Gerdau, falta de reformas deixa País em 4º lugar no ranking do Fórum
Paula Puliti
As empresas brasileiras praticamente dobraram os indicadores de eficiência e produtividade nos últimos dez anos, mas o aumento dos gastos públicos no mesmo período e a conseqüente elevação da carga tributária têm impedido que esses ganhos se convertam em competitividade no mercado global. A análise é do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, co-presidente do Fórum Econômico sobre a América Latina, iniciado ontem em São Paulo.
A alta carga tributária, aliada à falta de investimentos em educação e ao alto custo do capital, faz o Brasil ocupar o 4º lugar no ranking de competitividade dos 21 países da América Latina e Caribe, atrás de Chile, Argentina e Costa Rica. A lista foi elaborada pelo presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, professor Klaus Schwab.
Para Gerdau, além das vantagens em educação, custo do dinheiro e carga tributária menor, a Argentina está à frente do Brasil na lista porque o nível de estatização da economia do país vizinho é menor. “A indústria brasileira tem competência e competitividade mundial maiores que a Argentina, mas o Brasil tem de ser mais ágil na aprovação de reformas estruturais.”
Segundo ele, os custos do governo brasileiro representam 40% do Produto Interno Bruto, enquanto na China, principal concorrente do País em escala global, esse porcentual é de 12%. Na avaliação de Gerdau, o ranking do Fórum Mundial não espelha o fato de o Brasil ter regiões economicamente mais desenvolvidas do que outras. Ao contrário, o estudo mostra uma foto do Brasil como um todo.
O debate político direita versus esquerda tem hoje dimensões bem menores no Brasil quando se fala em questões de gestão, aponta o empresário. “Os governos têm consenso que a estabilidade e o combate à inflação são fundamentais. No Brasil, adotamos uma política ortodoxa, que tem um efeito muito positivo no risco país. O próprio Chile, com três governos de esquerda seguidos, mantém uma política consistente com a estabilidade”, afirmou, ressaltando que qualquer que seja o próximo governo brasileiro terá de atacar a questão dos gastos públicos. “As despesas públicas têm de ser reduzidas entre 20% e 30%.”