Capital de giro é um desafio permanente para empresas
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Goiânia – Com apenas quatro meses de funcionamento, o novo empreendimento de Cristiane de Fátima, o salão de beleza Cristiane Fashion, em Goiânia, já apresentava uma dificuldade: como lidar com o déficit de caixa. “Gastei muito no início. Investi em matéria-prima e equipamentos sem ainda ter uma clientela fixa. Então, logo de início me deparei com um problema que não estava nos meus planos”, conta a empresária.
Esta situação freqüente nas micro e pequenas empresas, é relativa à falta do capital de giro, que se deve, principalmente, à ocorrência dos seguintes fatores: redução de vendas, crescimento da inadimplência, aumento das despesas financeiras, aumento de custo e alguma combinação dos quatro fatores anteriores.
Neste caso, Cristiane se defrontou com as seguintes questões: como manter o capital de giro sob controle diante de um quadro de redução das vendas? O que pode ser feito para evitar uma crise maior de capital de giro? Para encontrar estas respostas ela buscou orientação no Sebrae em Goiás. “Recebi informações muito valiosas. Fui orientada para fazer um empréstimo com juros bem baixos para controlar o meu fluxo de caixa inicial. Deu certo. Hoje meu salão já está completando oito meses e não tenho mais problemas com a viabilidade econômica”, explica a empresária, que emprega duas pessoas.
Capital de giro é o conjunto de valores necessários para a empresa fazer seus negócios acontecer (girar). Em geral, de 50% a 60% do total dos ativos de uma empresa representam a fatia correspondente a este capital. Além de sua participação sobre o total dos ativos da empresa, o capital de giro exige um esforço para ser gerido pelo administrador financeiro maior do que aquele requerido pelo capital fixo. O capital de giro precisa ser acompanhado e monitorado permanentemente, pois está sofrendo o impacto das diversas mudanças no panorama econômico enfrentado pela empresa de forma contínua.
Boa parte dos esforços do administrador financeiro típico é canalizada para resolução de problemas de capital de giro – formação e financiamento de estoques, gerenciamento de contas a receber e administração de déficits de caixa. Nesta luta para sobreviver, a empresa acaba sendo arrastada pelos problemas de gestão do capital de giro e tende a sacrificar seus objetivos de longo prazo. Os empresários conhecem bem este fenômeno. Boa parte de seu tempo é consumido ‘apagando incêndios’, onde o foco mais perigoso reside no capital de giro.
De acordo com o Eduardo Kehdi, consultor do balcão de atendimento do Sebrae em Goiás, a solução definitiva para o problema do capital de giro consiste na recuperação da lucratividade da empresa e a conseqüente recomposição de seu fluxo de caixa. “Esta solução exige a adoção de medidas estratégicas de grande alcance que vão desde o lançamento de novos produtos ou serviços e a eliminação de outros, adoção de novos canais de venda ou até mesmo a reconfiguração do negócio como um todo. Desse modo, a solução dos problemas de capital de giro de uma empresa requer muito mais do que medidas financeiras. Estratégias, operações e práticas gerenciais, entre outras, precisarão ser repensadas para que o capital de giro volte ao estado de normalidade”, explica.
Medidas para solucionar os problemas de capital de giro
– Planejamento estratégico: a primeira medida é fazer o controle geral de tudo que se passa na empresa. Para diagnosticar o problema é preciso conhecer bem o seu negócio.
– Finanças em dias: não acumular contas a pagar.
– Formação de reserva financeira: a principal ação consiste na formação de reserva financeira para enfrentar as mudanças inesperadas no quadro financeiro da empresa.
– Encurtamento do ciclo econômico: quando a empresa encurta seu ciclo econômico – este pode ser definido como o tempo necessário à transformação dos insumos adquiridos em produtos ou serviços – suas necessidades de capital de giro se reduzem drasticamente.
– Controle da inadimplência: neste caso, é preciso dar mais atenção à qualidade das vendas (tanto as vendas a crédito como as vendas faturadas) do que ao volume dessas vendas. No caso das vendas a crédito, também será recomendável uma redução do prazo de pagamento concedido aos clientes.
– Não se endividar a qualquer custo: na tentativa de suprir a insuficiência de capital de giro, muitas empresas utilizam empréstimos de custo elevado. Como regra, qualquer dinheiro captado a um custo maior do que 1,17% ao mês (ou 15% ao ano) em termos reais, é incompatível com a rentabilidade normal da empresa que é de 15% ao ano, também em termos reais. Assim, uma linha de crédito de curto prazo que hoje não custa menos do 2% ao mês em termos reais, é claramente antieconômica. O financiamento de capital de giro a uma taxa real maior do que 1,17% ao mês, pode resolver o problema imediato de caixa da empresa, mas cria um novo problema – seu pagamento.
– Alongar o perfil do endividamento: quando a empresa consegue negociar um prazo maior para o pagamento de suas dívidas, ela adia as saídas de caixa correspondentes e, portanto, melhora seu capital de giro. Embora essa melhora seja provisória, ajudará bastante até que a empresa se ajuste financeiramente.
– Reduzir custos: a implantação de um programa de redução de custos tem um efeito positivo sobre o capital de giro da empresa desde que não traga restrições às suas vendas ou à execução de suas operações.