Brasileiros possuem US$ 93,2 bilhões no exterior, diz BC
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ANA PAULA RIBEIRO
da Folha Online, em Brasília
A presença de capitais brasileiros no exterior teve um aumento de 12,8% entre 2003 e 2004, passando de US$ 82,692 bilhões para US$ 93,243 bilhões no ano passado. Entre as causas desse aumento estão a valorização de mercado de empresas brasileiras no exterior e os empréstimos intercompanhias.
“Podemos atribuir o aumento à maior inserção da economia brasileira no exterior, através do aumento das exportações observado nos últimos anos. E do crescimento também do levantamento de capitais brasileiros no exterior, que são pessoas físicas e jurídicas”, avaliou Ricardo Liao, chefe do Departamento de Combate a Ilícitos Financeiros e Supervisão de Câmbio e Capitais Internacionais do Banco Central.
Pelos dados divulgados no Censo de Capitais Brasileiros no Exterior, o crescimento também teve a influência da fusão entre empresa nacional e internacional no valor de US$ 5,4 bilhões –no ano passado, ocorreu o processo de operação de fusão entre as cervejarias brasileira AmBev e a belga Interbew.
Também houve aumento no número de brasileiros –pessoas físicas e jurídicas– declarantes. No ano passado, 11.245 declarantes tinham US$ 100 mil ou mais investidos no exterior –valor exigido pelo BC para a obrigatoriedade da declaração–, contra 10.622 em 2003.
Os ativos brasileiros no exterior são separados em oito categorias, sendo que as principais são investimento direto brasileiro no exterior, investimento em carteira (portfólio) e depósitos.
O investimento direto brasileiro no exterior é de US$ 69,196 bilhões, sendo que a maior parte desse montante (US$ 54,027 bilhões) refere-se às participações acima de 10%. Ilhas Cayman é o país que mais recebeu esses recursos (US$ 13,93 bilhões).
Segundo Liao, isso ocorre porque paraísos fiscais como as Ilhas Cayman oferecem maior mobilidade de capitais para os investidores. No entanto, eles não permanecem ali. As empresas direcionam esses recursos para outros países.
Os investimentos em carteiras totalizaram US$ 8,224 bilhões, contra US$ 5,946 bilhões em 2003. Mais uma vez, a maior parte desse dinheiro teve como destino Ilhas Cayman.
No caso dos depósitos, eles registraram uma queda de 36,5%, passando de US$ 16,412 bilhões em 2003 para US$ 10,418 bilhões em 2004.