Brasil perde até R$ 200 bilhões em atos irregulares
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A fraude, desde o mais simples furto de ativos até manipulações financeiras e contábeis complexas, é uma questão relevante, que tem atraído olhares de investidores, contadores, órgãos reguladores e outros participantes do mercado. Segundo estudo da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Camara-e.net), as fraudes e atos de corrupção retiram entre R$ 100 bilhões e 200 bilhões da economia nacional.
A fim de prevenir ações irregulares, a Camara-e.net sugere, entre outras medidas, que o uso da certificação digital seja ampliado, promovendo a capacitação de indivíduos e organizações para usufruírem dos benefícios dos negócios eletrônicos de forma segura. Para Cid Torquato, diretor da Camara-e.net, a digitalização da gestão e dos processos governamentais, com o uso de certificados digitais, é a melhor maneira para se coibir a fraude e a corrupção.
Já o Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert.br), mantido pelo Comitê Gestor da Internet, divulgou suas estatísticas sobre incidentes na internet reportados espontaneamente por administradores de rede e usuários no ano passado.
Em 2005, o total de notificações somou 68 mil, número 10% menor do que o registrado em 2004 (75.722). Segundo Klaus Steding-Jessen, analista do Cert.br, a queda se deve principalmente à diminuição no número de notificações de casos de worms (programas capazes de se propagar automaticamente, enviando cópias de si mesmo de computador para computador), que diminuiu 59%, somando apenas 17.332. “É provável que as notificações tenham diminuído devido à sobrecarga de trabalho dos administradores em conjunto com a visão de que este tipo de incidente se tornou corriqueiro, embora o ataque continue sendo um problema”, explica o analista.
O que mais chamou a atenção no período foi o crescimento significativo no número de tentativas de fraudes bancárias e financeiras, que no resultado consolidado de 2004 não passava de 5% e em 2005 chegou a 40% do total de incidentes reportados. “É importante ressaltar que nem todas as notificações de fraudes, como as de phishing scam, se referem a incidentes que realmente ocorreram. Muitas vezes, são reportadas apenas tentativas”, lembra Klaus. O aumento de 579% em relação ao ano anterior coloca as fraudes em primeiro lugar entre os tipos de ataques mais freqüentes em 2005, deixando scans (varreduras) em segundo, com 33%, e worms em terceiro, com 25%.
“Notamos que, apesar do forte crescimento, as notificações de fraudes se mantiveram estáveis nos últimos meses do ano”, afirma o analista de segurança. De outubro a dezembro de 2005, o número de ataques relacionados com fraudes bancárias e financeiras cresceu apenas 7%, em relação ao trimestre anterior. No período, chamou a atenção o aumento das notificações de scans, que vinham apresentando uma tendência de queda desde o início do ano. Foram 7.889 notificações, crescimento de 93% em relação ao trimestre anterior.
A empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers divulgou recentemente uma pesquisa sobre crimes econômicos, realizada em 2005 e que incluiu presidentes de empresas em 34 países. No País, foram ouvidos 75 executivos. Pela pesquisa, as fraudes são um problema significativo no Brasil e no mundo: 45% das companhias pesquisadas sofreram algum tipo de ato ilícito entre 2003 e 2005.
Os tipos de fraude mais comuns, conforme o estudo, foram apropriação indevida de ativos, manipulação das demonstrações financeiras, falsificação/pirataria, corrupção e fornecimento de informações falsas. A recuperação dos prejuízos financeiros tende a ser baixa no mundo, e o índice é ainda pior no Brasil: 71% dos entrevistados relataram não ter recuperado nenhum valor, ante o índice de 53% verificado os outros países.