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Auditores fazem campanha para Brasil não se tornar paraíso fiscal

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Fonte: INVERTIA

O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco) continuará nas próximas semanas uma campanha para convencer parlamentares a votar contra a Medida Provisória 281. Publicada há quase duas semanas, ela isenta de impostos os investidores estrangeiros que comprarem títulos da dívida pública. Para os auditores, o mecanismo transforma o Brasil em um “paraíso fiscal do capital estrageiro”.
A expressão é da diretora de Estudos Técnicos do Unafisco, Clair Hickmann. De acordo com ela, a medida provisória cria tratamento desigual entre rendimentos do capital e rendimentos do trabalho.

Ou seja, os trabalhadores continuariam pagando altos impostos (cerca de 27% dos rendimentos) e os investidores de empresas estrangeiras passariam a lucrar ainda mais com as movimentações isentas de taxas.

“Essa medida provisória não pode ser transformada em lei pelo Congresso Nacional porque reforça o privilégio de quem vive de renda de capital, estimula a saída de capitais nacionais e a fuga de tributos para o exterior”, defende Clair em entrevista à Agência Brasil. “Além disso, ela ainda contribui para desvalorizar o dólar, o que desestimula as exportações.”

Pelos cálculos do secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, a isenção pode trazer investimentos adicionais do exterior, ainda neste ano, equivalentes a US$ 5 bilhões. O Unafisco alerta, no entanto, para a possibilidade de fuga de capital nacional.

Por causa da isenção, o empresário brasileiro estaria incentivado a remeter recursos para o exterior e abrir uma empresa lá fora. Apenas parte dos recursos retornaria para aplicação no mercado brasileiro, onde os juros são altos.

Para a diretora do Unafisco, a isenção para a compra de títulos públicos por estrangeiros abre ainda uma porta para “limpar” dinheiro sujo, proveniente de corrupção e outras atividades irregulares.

Nesse caso, o investidor ilegal enviaria o dinheiro para um paraíso fiscal tradicional, onde o sigilo bancário é garantido. De lá, aplicaria o recurso em uma empresa estrangeira que, por sua vez, investiria no Brasil, atraída pela isenção de imposto.

Um processo como esse permitiria que o dinheiro saísse “sujo” (ilegal) do país e voltasse como investimento “limpo” (legal).

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