Acionistas minoritários fazem barulho e mudam os rumos das empresas
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Andrew Ross Sorkin
Há dois meses, um investidor pouco conhecido exigiu que a empresa que edita os jornais Miami Herald e The Philadelphia Inquirer fosse colocada à venda. Apenas 14 dias mais tarde, depois que vários outros investidores surgiram com a mesma demanda, o conselho da casa editora, a Knight Ridder, cedeu e pôs a empresa em leilão.
Diferentemente da década de 1980, quando se podia resistir a tais investidas, hoje o conselho das empresas está se adaptando à nova realidade. O investidor ativista, munido de pequeno punhado de ações e um megafone, vem mudando a América corporativa e o cenário das transações.
Isso vem acontecendo em empresas pequenas e grandes, em todos os lugares. Na gigante Time Warner, o financista bilionário Carl C. Icahn pressionou a empresa a comprar de volta bilhões de dólares de suas ações – uma medida que a Time Warner executou em parte, mas sem creditá-la a Icahn.
E, embora o bilionário Kirk Kerkorian, acionista minoritário da General Motors, ainda não tenha se transformado num ativista, a expectativa geral é que comece a empreender uma campanha se a sorte da empresa não der um reviravolta dentro em breve.
“Acho que nós apenas arranhamos a superfície na pressão sobre as empresas, por parte dos investidores ativistas de fundos hedge, para que façam mudança no seu negócio para aumentar o atual preço de suas ações”, disse Martin Lipton, o advogado de aquisições que é sócio-fundador do escritório de advocacia de Wall Street, Watchell, Lipton, Rosen & Katz. “Temos agora um grupo de fundos hedge ativistas em que os fundos hedge essencialmente comandam US$ 1 trilhão de capital, integrado por muitas das instituições tradicionais”.
Os investidores ativistas, que eram rotulados de greenmailers (de greenmail – pagamento anti-aquisição) na década de 1980, estão agora sendo ouvidos pelos conselhos que antes nem tomavam conhecimento deles. Essa mudança na direção dos interesses dos acionistas já vem vindo de longa data, pois diretores externos passaram a questionar mais e exigir mais dos altos executivos.