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30 mil processos parados na Receita

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Segundo o presidente do Sindicato Nacional dos Técnicos da Receita Federal (Sindireceita), Paulo Antenor de Oliveira, serão necessários seis meses de trabalho para recuperar o prejuízo da paralisação. Receita e servidores, no entanto, divergem sobre a adesão ao movimento.

O diretor-comercial da Confirp Consultoria Contábil, Delso Viana, diz que o escritório tem em torno de 250 processos na Receita aguardando “algum sinal”. “O que a Confirp está passando é um reflexo do que todas as empresas passam. Se com 100% de servidores já havia uma defasagem natural, imagina com 30%”, diz.

Viana explica que há processos por diversos motivos: abertura e encerramento de empresas, alterações contratuais, certidões negativas, revisão de débitos ou baixa de débitos e até segunda via de documentos. “Esses processos estão na Receita desde o início da greve e não estão aceitando mais nenhum”, diz Viana. “A greve está causando uma série de prejuízos, principalmente para as empresas que estão em fase de abertura, pois já locaram o imóvel e têm custos.”

Na Rochas Assessoria Contábil também há problema de abertura de empresas. Segundo o assistente de Departamento Pessoal, Luiz Carlos Rosa, pelo menos quatro interessados estão aguardando o final da paralisação. Ontem, Rosa chegou às 8 horas à Receita, em São Paulo, para apresentar um documento que faltava num processo de impugnação de multa aplicada pelo órgão. Às 9h45, ele foi embora sem resolver o problema. “E com risco de ter que pagar a multa”, reclamou. Na semana passada, Rosa já havia passado pelo atendimento da Receita e, como consta no processo de impugnação, só foi atendido por “insistência”.

Quem também se vê em apuros por causa da greve é a técnica em enfermagem Suzilene Simões de Oliveira, de 36 anos, que afirma ter ido seis vezes ao posto da Receita e não conseguiu solucionar seu problema. Ontem, ela fez mais uma tentativa, novamente frustrada.

Suzilene chegou ao órgão por volta das 7h30, queria apresentar os boletos quitados de um parcelamento de seu Imposto de Renda. Depois de mais de uma hora na fila e mais meia para ser atendida, ela saiu da Receita mais revoltada do que entrou. “Só quando terminar a greve. E o atendente ainda disse que, se me inscreverem na dívida ativa da União, como está na carta, é para eu entrar com processo contra a Receita.”

Cinco meses desempregado e Charles Souza Santos, de 37 anos, conseguiu o desejado emprego. Mas precisaria abrir uma conta bancária e seu CPF foi cancelado por falta de declaração de isento. Mesmo com a chuva, a alternativa de Charles foi sair às 4h30 de casa, em Santo Amaro, e chegar às 5h45 à Receita. O primeiro de uma fila de cerca 200 pessoas até as 9 horas, quando a triagem para ver quem seria atendido começou. E não havia distinção. Idosas e gestantes também tiveram de enfrentar o trajeto.

“Não tem respeito aqui. Eu vim fazer inscrição (requerer certidão) do ITR e me mandaram entrar na fila”, reclama a aposentada Iracema de Oliveira Guerra, de 72 anos. “Eu vou procurar o superintendente. Vou ligar para Brasília”, diz. ( AE )

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